terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

“Os Falsificadores” – outra questão de consciência


Venceu o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e parece-me acima de tudo um filme obrigatório para quem gosta de histórias verídicas, fortes e sobretudo para quem não quer deixar cair no esquecimento as atrocidades que se passaram nos campos de concentração nazis durante a segunda guerra Mundial. Já “A Vida é Bela”, do italiano Roberto Benigni, foi mestre em mostrar-nos aquele terrível período da história europeia e também ele ganhou o mesmo prémio da Academia de Hollywood, no final dos anos 90. Este filme não lhe fica atrás. Mas não tem humor. Não tem fantasia. É duro e puro. É o mesmo tema, mas pegando numa outra perspectiva. Não que agora o enfoque sejam os nazis e não os judeus. Não, mais uma vez, a história acompanha os martírios dos condenados a morrer ou a sofrer horrores que não desaparecerão pela vida inteira. Não podem desaparecer. Neste filme conhecemos um grupo de homens, judeus, também, mas com o dom de saberem falsificar notas. São gráficos, artistas ou tipógrafos. São peritos em falsificar notas e por isso são lhes dados privilégios que mais nenhum outro judeu, em qualquer campo de concentração tem. Uns têm princípios, outros nem tanto, apenas querem sobreviver e sujeitam-se à missiva, mas todos eles sabem que paredes meias com eles, vivem outros homens iguais a si próprios, mas que morrem em todos os segundos, ou em câmaras de gás, ou fuzilados, ou torturados, ou mesmo à pancada. Será que vivem bem com aqueles privilégios que têm, de comida e roupa lavada, em nome de fazer enriquecer os alemães que os vigiam? É essa a questão deste filme que mostra, definitivamente que o maior castigo que um judeu poderia dar a um nazi era sobreviver a um campo de concentração. E eles sobreviveram. O filme é austríaco, realizado por Stefan Ruzowitzky. As imagens são muito escuras, porque o assunto é negro, talvez. E atenção aos mais susceptíveis às mudanças de plano nas filmagens: há passagens muito rápidas, há imagens desfocadas, enfim, por vezes não é propriamente fácil prender os olhos ao ecrã. O filme estreia dia 6 de Março.

Nenhum comentário: