segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A Maria


Há restaurantes de comida fabulosa, pratos inovadores e sofisticados, mas onde o cliente não se sente em casa, pelo ambiente demasiado distante, pela separação exagerada entre quem come e quem cozinha. Depois, há aqueles restaurantes que nos fazem sentir em casa, de comida boa, franca, mas nada transcendental. E depois há a Maria. No Alandroal, perto do castelo e mesmo no centro, onde fica também a Câmara Municipal, a Maria é, senão o melhor restaurante, num raio de dezenas de quilómetros, um dos melhores. Da parte que me toca entrou para a minha lista de favoritos, em todo o país. E não tenho dúvida alguma que um dia que volte ao Alandroal, em trabalho ou não, é lá que vou fazer as minhas refeições. As minhas refeições sim, porque ir só uma vez não chega para provar tudo e ficou prometido ir lá experimentar o famoso Bacalhau Dourado. E eu vou! Durante esta semana vive-se, como já disse nos posts anteriores, a II Mostra Gastronómica do Peixe do Rio e a Maria apresenta a reputada Caldeta (uma espécie de caldo de peixe onde o poejo é um ingrediente principal, aliás à semelhança de qualquer prato de Peixe de Rio), mas também Barbo frito, muito bem temperado com limão, como entrada. Aliás, antes da chegada à mesa dos pratos principais, os sentidos perdem-se entre os aperitivos. Tem umas empadas, das melhores que já comi em toda a vida, e que podem ver nas fotografias anteriormente publicadas. Tem também bons chouriços alentejanos, salada de orelha, salada de grão e bacalhau, aquele pão alentejano irresistível, azeitonas e por aí fora. Uma das especialidades dos quentes é a caldeirada de borrego, belíssima. E como se ainda alguém tivesse fome há sobremesas de chorar (sobretudo por não se conseguir resistir e ver-se a barriga a aumentar). Tem doces conventuais, tem sim senhora, como a encharcada de ovos. Tem doces típicos, tem sim senhora, como a Sericá. Mas tem coisas únicas como uma tentadora tarte de noz e filhós gigantes, secas, sem qualquer gordura, que a própria Maria incentiva a provar depois de regadas, ao gosto do cliente, com mel. M-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a-s… (também podem ver na foto anterior). A Maria é moçambicana, mas há muito que está no Alentejo. Sempre viu o pai de volta da cozinha, mas pelos problemas de saúde que ele tinha, sonhava em ser enfermeira porque estava habituada a tratar dele. Mas o destino trocou-lhe as voltas. Depois do pai falecer e já casada, o Marido ofereceu-lhe aquele restaurante, inaugurado em 1993 e com uma decoração que faz lembrar pátios antigos alentejanos, de roupa estendida às janelas. E ainda bem, digo eu. Podíamos ter um óptima enfermeira, podíamos, pois com certeza, mas sem dúvida que ganhámos uma cozinheira de excelência. Mas sabem o que mais gostei no Restaurante da Maria? Ela própria e a sua simplicidade. É ela que cozinha. É ela que vem às mesas perguntar se está tudo bem. E foi com ela que conversei largos minutos à mesa, simpatiquíssima e excelente contadora de histórias.
Para quem ficou com água na boca, aqui fica o telefone: 268 431 143 e a morada: R. João de Deus, 12.

2 comentários:

Anônimo disse...

dá vontade de dizer adeus ao chefe, pegar no carro e ir já para lá almoçar e ficar para jantar e aproveitar a tirar a semana de férias so porque sim lol

Mónica disse...

Que bela sugestão, fiquei com vontade de passear e conhecer este belo restaurante!
Bjs