quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Agarrada ao “Claraboia”



Foi presente da minha mãe no Natal que sabe de cor e salteado que um livro é dos melhores presentes que alguém me pode oferecer. Sabe também que José Saramago é, há muito, muito, um dos meus autores de eleição e sabia que eu ainda não tinha lido este “Claraboia”. E dizer-vos que há muito tempo que nenhum livro me agarrava desta forma como este agarrou. Ia jurar que a dona Justina, o senhor Silvestre, a menina Cláudia e a dona Lídia e a Adriana e a Tia Amélia são meus vizinhos do prédio. Que também se metem à espreita e à escuta a ver a que horas chego e saio e com quem. Não tenho nada disto no condomínio em que vivo, obviamente, mas a escrita de Saramago é de tal forma real que juro por tudo que conheço aquela gente. De certezinha. O livro foi escrito há mais de 50 anos, mais propriamente em 1953, mas nunca tinha sido editado. Na altura parece que o escritor o entregou a uma editora para publicá-lo, mas, imagine-se, só uns quarenta anos mais tarde (provavelmente quando tomaram conta do peso de um escrito de Saramago) é que mostraram interesse. E aí foi ele quem não quis. Chegou às livrarias, um ano após a morte e é a prova real que Saramago continua a dar muitas lições, a muita e boa gente. Eu ainda vou a meio, mas asseguro que “Claraboia” é um romance belíssimo. Cheio de personagens. Cheio de histórias. Cheiro de curiosidades. E eu fico sempre inquieta com a página que vem a seguir e isso é bom. Muito bom. E que engraçado é ver que há coisas que em 60 anos não mudaram nada, hum? Quem diria!

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