terça-feira, 21 de outubro de 2014

Construir memórias

O tempo está mais quente que na grande maioria dos dias de verão. Os finais da tarde, especialmente. Não me lembro de ter tanto calor à hora do jantar durante os meses de Verão, como agora, em que já passámos metade do Outubro. E depois de já termos usado casacos de chuva, botas e mangas compridas, ainda se sente mais esta reviravolta. Com o jantar a fazer e os miúdos bem comportados na sala, fui à varanda apanhar roupa. Entrou um bafo quente, mas tão quente pela casa que olhei para a piscina e pensei que era a noite ideal para um mergulho fora de horas. Entrei em casa com a roupa apanhada e perguntei "quem quer ir dar um mergulho à piscina? Agora, à noite?" Os miúdos olharam para mim com ar de quem não acreditava na história. Ao mesmo tempo que gritaram um sim, um grande sim, tinham no olhar uma expressão que questionava "será que a minha mãe endoideceu?"  Eu que ando sempre atrás deles com um "não" logo pronto, que tento controlar tudo para não haver descarrilamentos, que saio de casa cedo a correr e volto tarde e à pressa sempre com muito por fazer, estava ali diante deles a desafia-los para algo impensável: um mergulho na piscina à noite em Outubro. E foi tão engraçado vê-los a delirar por pôr o pé na água com a noite escura a fazer de telhado. Não tivemos muito tempo, uns dez, quinze minutos, mas o suficiente para ficarem eufóricos por pela primeira vez terem ido à piscina à noite. Ainda que não tenha sido nada de extraordinário, sei que vai ser uma noite que não vão esquecer. E só assim vale a pena viver: fazendo a diferença dos dias. Hoje, construímos memórias. E isso vale tanto... muito mais do que mais um jantar pronto a horas!

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