quinta-feira, 23 de abril de 2015

A Pressa

Acordo a uma hora confortável que me permite pensar bem no dia que tenho pela frente enquanto tomo duche. Quando estou pronta para sair, olho para o relógio e vejo até que tenho quatro minutos de avanço e penso sempre que posso então adiantar alguma coisa, para o regresso a casa. Então é ver-me, às sete e meia da manhã a tirar loiça da máquina, a dobrar roupa que estava estendida e não precisa de ir ao ferro, a arrumar roupas nas gavetas dos miúdos, a pôr roupa na máquina (já vos disse mais que uma vez que a roupa numa casa de cinco é uma autêntica praga?!), ou até a fazer gelatina. Sim, às SETE e MEIA da manhã posso muito bem fazer gelatina a pensar no jantar ou no fim-de-semana que está à porta! Mas é então, nessa altura que olho para o relógio e vejo que em vez dos quatro minutos que tinha de avanço, afinal já estou atrasada um quarto de hora. Ai, valha-me Deus, que começa a correria. Saio a correr de casa e peço com muita força para não apanhar muito trânsito. E quando estaciono o carro junto ao trabalho, lá vou em passo acelerado, a vestir o casaco enquanto caminho, a falar ao telemóvel, enquanto arrumo as chaves. Entro rápido e começo rapidamente a fazer o trabalho que entretanto ficou pendente da tarde apressada da véspera. Vou bebendo água e vou uma, duas ou três vezes à casa de banho, mas sempre à pressa. É hora do almoço e decido almoçar rápido para conseguir ainda ter tempo para fazer umas compras - há sempre qualquer coisa que falta numa casa, certo? Volto a correr para a parte da tarde. Uma tarde que passa (quase) sempre a correr! É hora de sair e se pudesse voava para casa... ou melhor para a escola dos miúdos, que até chegar a casa é todo um outro dia. Apresso os miúdos porque é dia natação/ginástica/futebol. Porque tenho que cozinhar qualquer coisa que demora mais, porque me esqueci de tirar o jantar do congelador e preciso ainda do supermercado. Porque preciso de ir à farmácia ou simplesmente tirar a roupa da varanda porque ameaça chover. O que é certo que saimos tão depressa da escola como eu entrei sozinha e a correr! Chegou a casa, preparo o jantar, ao mesmo tempo que dou banhos e prometo sentar-me a cortar-lhes as unhas. Ponho as sopas na mesa, e apresso-os, porque o jantar já está pronto e não pode arrefecer. Comem e há dentes para lavar, histórias para ler... uma cozinha inteira para arrumar e roupas para organizar. à pressa, claro, que temos que ter uns segundos para parar! E os miúdos lá andam nesta maluqueira que é a vida cheia, estupidamente, cheia de pressa.
Claro que há muitos dias em que ponho um travão. Dias em que não olho para o relógio. Dias em que deixo a loiça para organizar na manhã seguinte. Claro que me arrependo sempre, no dia a seguir, mas enquanto esse dia não chega com esse arrependimento, passo as mãos nos cabelos deles quando me sento no sofá e sinto-me mesmo feliz.
As quintas-feiras são mesmo dias grandes... apre!

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